A psicanálise oferece uma compreensão profunda e multifacetada da depressão, explorando suas origens emocionais, psicológicas e suas manifestações na vida do sujeito. Como mencionado por Christian Dunker em “Uma biografia da depressão”, a experiência depressiva é caracterizada por sentimentos de inferioridade, rebaixamento da autoestima e uma sensação de que algo está errado no modo como o amor é metabolizado, levando à autocrítica, infantilização e culpa.
A psicanálise procura observar as raízes da depressão, validando as experiências subjetivas do sujeito, traumas, conflitos não resolvidos e contextos familiares e sociais que possam contribuir para o quadro depressivo. A psicoterapia auxilia o sujeito a refletir sobre esses elementos, buscando a elaboração, nomeação e reconhecimento de conteúdos traumáticos, e o desenvolvimento da depressão ao longo do tempo.
Um aspecto central da psicanálise é a relação terapêutica entre o analista e o paciente. Em um ambiente seguro e de confiança, o sujeito é encorajado a compartilhar seus sentimentos e afetos mais profundos, sem medo de julgamento. Essa relação proporciona suporte emocional, validação e um espaço para a expressão de conteúdos, mesmo os mais difíceis.
Além disso, a psicanálise busca trazer à luz os aspectos inconscientes do sujeito, como conteúdos recalcados, desejos e conflitos não elaborados e não integrados. Ao acessar em alguma medida esses conteúdos, o sujeito pode começar a ter notícias e alguma compreensão sobre sua forma de ser e estar no mundo, nas relações e como tudo isso pode se relacionar com o quadro depressivo.
A psicoterapia psicanalítica colabora para explorar conflitos internos, medos e angústias que podem contribuir para a depressão. Ao compreender esses conflitos e suas origens, o sujeito pode gradativamente construir formas outras para lidar com seus afetos de maneira menos dolorosa, menos depreciativa, com um olhar mais amistoso para si mesmo e seu existir.