A ansiedade então é, em primeiro lugar, algo que se sente (Freud 1925-1926)
A ansiedade, conforme delineado pelos ensinamentos de Freud, emerge como um sinal de alerta intrínseco ao ego diante da iminência de uma situação traumática. Esta percepção de ameaça, muitas vezes associada à separação ou perda de um objeto amado, instaura um estado de desamparo psíquico, desencadeando uma série de reações defensivas. O ego, então, mobiliza estratégias para lidar com essa ansiedade, buscando evitar ou se distanciar da situação percebida como perigosa.
No âmago da ansiedade reside um estado afetivo carregado de desprazer, que se distingue por sua intrínseca relação com a expectativa e pela falta de um objeto claro. Enquanto outros sentimentos desagradáveis, como tensão, dor ou luto, possuem características específicas, a ansiedade se destaca por sua natureza expectante e seu vínculo com o perigo iminente.
Ainda que originada como resposta a um estado de perigo, a ansiedade pode ser reativada sempre que situações semelhantes se reproduzem. Trata-se de um fenômeno afetivo sentido de forma exclusiva pelo ego, que se vê confrontado com sua própria vulnerabilidade diante das ameaças percebidas. Essa vulnerabilidade é inerente à natureza humana, emergindo diretamente da libido e evidenciando a complexidade da dinâmica psíquica.
Nesse sentido, a psicanálise oferece não apenas uma compreensão teórica da ansiedade, mas também ferramentas clínicas para seu manejo e transformação. Ao acolhermos e nos responsabilizarmos por aquilo que é possível, reconhecemos os limites do controle e nos abrimos para uma relação mais saudável com as incertezas da vida.